TÁLIA E O GAFARRINHOTO

Tália,filha dos gnomos Agrimindo e Nhuxa,e irmã de Ranu,passou por momentos de verdadeira aflição quando constatou que o seu animal de estimação-um gafarrinhoto- havia desaparecido.Antes de continuar com a narrativa,convém que se saiba que os gafarrinhotos são pequenos mamíferos(tão pequenos que,na idade adulta,não chegam a superar em comprimento o dedo mínimo da mão de uma criança de seis anos),de olhos grandes e redondos,focinho aguçado e uma pelagem pardusca que faz com que nenhum de nós se aperceba da sua presença,mesmo que estejam a pular e a fazer momices a meio palmo do nosso respeitável nariz.Mas,retomando o fio da história...O gafarrinhoto de Tália levara sumiço,e esta estava inconsolável.Tê-lo-iam roubado?Ou teria fugido pelo seu próprio pé(neste caso,pata),desejoso,talvez,de conhecer lugares diferentes daquele onde sempre vivera?Agrimindo,seguido por um autêntico batalhão de gnomos,passou a floresta a pente fino.Mas,do gafarrinhoto,nada.Como no dia do seu desaparecimento desabara sobre a floresta uma verdadeira tromba de água,o pai de Tália chegou a pôr a hipótese de afogamento.É que,minúsculo como era,o mais insignificante charco transformava-se num lago de águas profundas.Até que-e após cerca de três dias de buscas quase ininterruptas-o gafarrinhoto apareceu!Encontraram-no,tremente e faminto,debaixo de um montículo de folhas.Completamente enlameado e com o estômago literalmente colado às costas,foi levado ao colo por Agrimindo para a grutazinha subterrânea onde viviam.Quando viu o seu gafarrinhoto,Tália soltou um grito de alegria e correu para ele de braços abertos.O pai,porém,disse-lhe que era melhor deixá-lo sossegado,pois estava muito fraco.Deram-lhe um bom banho,alimentaram-no e deitaram-no na sua caminha,feita com ervas secas e penas de verdilhão.E não tardou em adormecer,aquecido pelo amor que todos lhe dispensavam.Como não falava,não pode contar o que se passara;mas Agrimindo chegou à conclusão de que resolvera dar o tal passeio por sua conta e risco e fora surpreendido pela tempestade.Nos dias seguintes-e pelo facto de ainda se encontrar muito fragilizado e com sintomas de gripe-,Tália tratou de o agasalhar o mais possível e de o alimentar com uma papa bastante nutritiva e de grande poder curativo,feita à base de alho finamente picado e de mel.Com esse tratamento,o gafarrinhoto ficou como novo em poucos dias,e prometeu a si próprio não voltar a aventurar-se sozinho na floresta.Tália apercebeu-se desse seu propósito pela expressão com que a fitou,e não pôde deixar de lhe beijar o focinhitoE tudo voltou à normalidade em casa do gnomo Agrimindo,agora que Tália recuperara o seu querido gafarrinhoto.

UMA DESCOBERTA INCRÍVEL!

Quando,numa manhã como tantas outras,Vich,o melro,procurava alimento por entre as ervas de uma das clareiras da floresta,deparou-se,a páginas tantas,com um objecto esférico e dourado,cuja natureza não foi capaz de definir.Movido pela curiosidade,aproximou-se mais e deu-lhe uma bicada.Logo percebeu que não se tratava de matéria comestível,tendo em conta a dureza da sua superfície.E,a ser um ovo,só se fosse de uma ave de...metal!De que se trataria,então?...Deslizando através da vegetação,o gnomo Zaurindo detectou,também,a presença da esfera.E,abrindo muito os olhos exclamou,dando mostras de não ser a primeira vez que se deparava com tal artefacto:"Regressaram as sondas!"Nesse preciso instante,uma espécie de raio que partia de um outro objecto bem maior,camuflado numa nuvem,atingiu a pequena bola dourada,fazendo com que esta desaparecesse como que por artes de magia.Perante a expressão entre assustada e atónita de Vich,o gnomo Zaurindo apressou-se a explicar-lhe que o que vira era uma pequena sonda de proveniência extraterrestre,usada na recolha de material genético(unhas,cabelos,penas,etc.).E para que queriam os extraterrestres esse material?,inquiriu o melro."Para ver se sofremos de doenças que lhes possamos transmitir,num encontro futuro",explicou Zaurindo.É sabido que,no nosso contacto com certos povos(como os que tivemos com os índios da Amazónia,por exemplo),lhes transmitímos várias doenças típicas da nossa civilização(gripe,sarampo,difteria e tuberculose,entre outras),devido ao facto de eles não possuírem anticorpos para delas se poderem defender.Mas,voltando à nossa história:É de prever que,muito em breve,irmãos nossos vindos de outros mundos aterrem na Floresta Venturosa.E eu,certamente,aqui estarei para vos relatar esse extraordinário acontecimento!