A LENDA DAS BORBOLETAS DE LUZ


Conta a lenda que,em pontos opostos da Floresta Venturosa -e separados por um rio de águas cristalinas-,viveram,há muitos séculos,dois poderosos senhores cujos filhos se amavam perdidamente.Jaahz-o filho de um deles- era um intrépido cavaleiro,tão bom a montar e a pelejar como a escrever versos.Dihili-a filha do outro senhor- era uma jovem belíssima,de longos cabelos negros,cuja voz,de tão maviosa,possuía o condão de fazer recobrar o viço às flores murchas e de fazer vibrar,com mais intensidade,todas as estrelas do firmamento.Ora acontece que os pais de ambos se odiavam mortalmente.Por esse lamentável facto,os jovens só podiam comunicar-se à distância,trocando mensagens apaixonadas.Jaahz enviava à sua amada longos poemas escritos em folhas de pergaminho que um diligente martim-pescador transportava no bico até à janela onde Dihiili ansiosamente o aguardava.E esta respondia-lhe fitando a Lua com os seus olhos aveludados e cantando com aquela voz profunda e mágica que dir-se-ia provir do próprio Paraíso.E as notas das melodias que entoava transformavam-se em borboletas de luz,que partiam pelos ares até aos aposentos do seu amado,rodopiando em torno dele em intrincados bailados.Um dia,porém,Jaahz partiu para a guerra e não mais voltou.Dihiili soube-o porque o martim-pescador a visitou por derradeira vez,trazendo no bico um pergaminho onde podia ver-se uma gota de sangue em forma de coração.Mas,apesar dessa fatalidade,a doce donzela não deixou de cantar para o seu amado.Por isso,ainda hoje,quando um viajante atravessa a Floresta Venturosa,não raro é surpreendido por uma imensa e luminosa revoada daquilo que ele pensa ser simples pirilampos.Mas não:são as notas das melodias que Dihiili entoa,transformadas,como outrora,em borboletas de luz,provando assim que o amor,quando verdadeiro,é eterno.