O PAI NATAL CONTA-NOS UM CONTO


A história que vos vou contar -e vos ofereço como prenda de Natal- passou-se numa floresta idêntica a esta em que nos encontramos,e tem como protagonista uma árvore que,de tão torta e mirrada,mais se assemelhava a um humilde arbusto estropiado por uma tempestade.E não me pergunteis que tipo de árvore era e a que espécie pertencia,porque não vo-lo saberia dizer.Repito:era torta e raquítica.E é tudo.Rodeada de imponentes abetos,que cresciam desafiando os céus,e vizinha de um velho e majestoso carvalho,ainda mais se acentuava a sua insignificância.Os abetos mofavam dela.As aves olhavam-na depreciativamente,por não encontrarem nos seus atrofiados ramos espaço onde pudessem construir os ninhos.Era,por assim dizer,o "patinho feio" das árvores daquela floresta.Quando o Inverno chegou,ostentando o seu imponente manto de arminho,e as bagas de azevinho salpicaram de vermelho as matas circundantes,todas as árvores se prepararam para festejar o Natal.Luziriam,com tal propósito,o seu mais requintado verde,e enfeitar-se-iam com a neve que caía abundantemente,unindo-se,assim,aos festejos que se avizinhavam.O próprio carvalho se ornamentaria com os seus apreciados pendentes de bolotas,que depois ofereceria aos gaios e aos javalis,no jeito de opíparas consoadas.E a pobre árvore retorcida e raquítica?...Essa,limitava-se a olhar tristemente para as outras e a suspirar.E,quanto mais expressava a sua mágoa,mais aquelas se empenhavam em humilhá-la,entre risadas escarninhas e sarcasmos.Condoído,o provecto carvalho decidiu que teria de fazer algo em benefício da infeliz.Nas vésperas de Natal -quando até o vento bufador e colérico se comprazia em cantar vilancicos em honra do Menino prestes a nascer-,falou com as aranhas que normalmente teciam as artísticas teias nos seus ramos,e com os pirilampos que,noite após noite,se acolhiam ao amparo da sua folhagem.O que combinou com umas e com outros ficou em segredo.Então,na mais mágica das noites,uma pequena árvore se destacou de todas as outras,fazendo tremeluzir de inveja as próprias estrelas,tão magnificente era o seu brilho!E quando, na manhã seguinte,o Sol voltou a iluminar aquelas paragens,ela continuou cintilante,como se estivesse crivada de diamantes.Perguntar-vos-eis que espantoso milagre aconteceu para que aquela árvore quase informe se tivesse transformado num verdadeiro paradigma de beleza.Eu vo-lo digo...Na tal reunião que teve com os seus pequenos hóspedes,o carvalho pediu às aranhas que tecessem nela uma grande teia que imitasse,o mais possível,a forma dos abetos;e rogou aos pirilampos que,mal anoitecesse,pousassem na teia,cobrindo-a por completo e,obviamente,iluminando-a com as suas lanternazinhas.E assim fizeram.Todos os animais da floresta vieram admirar aquela maravilha nunca antes vista,soltando exclamações de jubiloso espanto.Quando nasceu o novo dia e o sol brilhou no azul do céu,milhares de gotas de orvalho substituiram os pirilampos,brilhando como pedras preciosas,dando,assim,um novo toque de beleza à mal-amada árvore.E foi deste modo que,graças à bondade e ao engenho do velho carvalho,a protagonista da nossa história se transformou no ser mais belo e admirado da floresta!Feliz Natal!

AS BORBOLETAS DO AMOR


Conheço um mundo -situado noutra dimensão,ainda que bem perto do nosso- onde se operam os maiores prodígios.Poderia descrever-vos muitos deles,mas precisaria,certamente,de milhares de páginas para o fazer.Assim,decidi escolher um que,pela sua singeleza,me parece digno de destaque -reservando os restantes para futuras narrativas.Chamar-lhe-ei As Borboletas do Amor.Num edifício bojudo,que parece feito de madrepérola,um número incontável de seres angelicais incumbe-se de enviar para todos os mundos habitados borboletas energéticas,contendo em si os melhores sentimentos e propósitos.Utilizando artísticos cálices de ouro maciço,os excelsos trabalhadores depositam neles porções rigorosamente iguais de alegria,de harmonia,de generosidade,de paciência e de paz.Depois,sopram suavemente o conteúdo e,quase de imediato,este transforma-se em maravilhosas borboletas multicoloridas,as quais voam em busca dos nossos corações.E se os nossos corações estiverem abertos ao Amor,elas alojam-se neles para sempre!Convém esclarecer que estas borboletas não podem ser vistas pelos olhos humanos,porque são feitas de uma matéria muito subtil.Mas pressente-se bem o seu adejar.Sempre que nos sentimos impelidos a sorrir e a agradecer àquela pessoa que nos presta um serviço,a matar a fome a um necessitado,a oferecer flores a quem nos lança pedras,é porque a Borboleta do Amor esvoaça bem perto do nosso coração.E,se a deixarmos entrar,garanto-vos que,um dia,também nós trabalharemos no tal edifício cor de madrepérola,gerando e enviando para toda a parte essas magníficas Borboletas.