A VISITA DO PAI NATAL

Pedro era um pequeno pastor de meia dúzia de ovelhas,que tutelava,todas as tardes,até à serra,mal chegava da escola.Seus pais eram muito pobres e aquelas ovelhas eram a única riqueza que possuíam. No casebre onde viviam não havia mais que duas enxergas e uma mesa meio desconjuntada,onde a família fazia as parcas refeições que o mourejar diário lhe proporcionava. Chegado o Natal,o interior das casas da pequena vila brilhavam como estrelas na noite escura.Eram as árvores ornamentadas com luzinhas de muitas cores,o fogo aconchegante das lareiras e,como não podia deixar de ser,os saborosos acepipes que coloriam e perfumavam a mesa da tradicional ceia. Mas para Pedro não havia nada disso.A noite de Natal era exactamente igual às outras,passada na serra até muito tarde e regressando,apressado,quando escutava,vindos dos cumes,os uivos dos lobos. Nem ceia,nem presentes,nem nada...A sua vida era mesmo assim.E nem se queixava,porque sabia que de nada lhe serviria fazê-lo.O seu sonho de um dia poder dar uma vida melhor aos seus pais não passava disso-de um sonho,certamente,irrealizável. Porém,nesse Natal,tudo seria diferente... De súbito,ouviu o tilintar de muitos chocalhos e,voltando-se,deu de caras com um velho de longas barbas brancas que acabava de apear-se de um trenó belamente ornamentado e atafulhado de presentes. -Quem é vossemecê?-perguntou Pedro,temendo que o recém-chegado lhe quisesse fazer mal ou,talvez-quem sabe?-roubar-lhe as ovelhas. -Não temas-disse-lhe o velho,olhando-o com doçura.-Não me reconheces? -Não,senhor-respondeu Pedro,encabulado. -Nunca ouviste falar no Pai Natal?-perguntou-lhe o estranho personagem. -Já-disse o pequeno pastor.-Mas sei que não existe. -Enganas-te-volveu o velho.-Eu sou o Pai Natal.E trago-te um presente. -A mim?-perguntou Pedro,desconfiado. -Sim.A ti. E,dando meia-volta,dirigiu-se ao trenó e regressou para junto do menino com um enorme ovo,mais brilhante que a lua que iluminava o céu. -É um ovo de ouro-disse-lhe o Pai Natal.-Com a venda deste ovo,poderás libertar os teus pais do jugo da miséria em que viveis.Mas o mais importante não é o ovo em si,mas o que está no seu interior. E,abrindo-o,retirou de lá um pequeno pergaminho e estendeu-o a Pedro. -Sabes ler,não é verdade? -Sei,sim,senhor. -Então lê o que está escrito. -Só tem uma palavra. -E que palavra é?-perguntou-lhe o Pai Natal. -CONFIA,leu o pequeno pastor. -Exactamente!CONFIA.Confia sempre.Se o fizeres,não temerás a pobreza nem nenhuma outra contrariedade que possa surgir na tua vida.E transformar-te-ás numa grande pessoa,talvez num médico de grande prestígio,num cientista de renome...eu sei lá! Afagando o cabelo de Pedro,rematou: -Que tenhas um Feliz Natal. E,sorrindo sempre,tomou assento no trenó,ordenou às renas que avançassem e partiu,céu fora,rumo ao infinito. -CONFIA,leu Pedro,de novo.-Sim!A partir de agora,nunca deixarei de confiar!-murmurou,resoluto. E,chamando o pequeno rebanho,desceu a serra rapidamente,levando,nas mãozitas geladas,aquele ovo maravilhoso que iria mudar para sempre a sua vida e a da sua família.